NOTAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA UTILIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Fabio Siebeneichler de Andrade, Lucas Girardello Faccio

Resumo


O presente trabalho busca analisar a questão da responsabilidade civil decorrente de prejuízos resultantes de atos realizados por mecanismos dotados de inteligência artificial. O desenvolvimento dessa tecnologia, cada vez mais autônoma, faz com que se questione até que ponto pode ir a responsabilização dos seus desenvolvedores. A prática de atos imprevisíveis, até mesmo para seus programadores, gera dúvidas, incertezas, acerca de quem deve responder por eventuais danos. Nesse panorama e diante da novidade do tema, estudam-se as primeiras propostas para solucionar os casos de responsabilização envolvendo esses mecanismos.

Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA COSTA, Mário Júlio. Direito das Obrigações. 6. ed., Lisboa: Almedina. 1994.

ANDRADE, Fabio Siebeneichler de; SOARES, Flaviana . Os fundos de indenização civil para as vítimas de crime cujo autor é desconhecido ou incerto como exemplo de solidariedade social na responsabilidade civil contemporânea: breves notas de direito comparado. Revista Brasileira de Direito Civil, Rio de Janeiro, v. 17, p. 43-64, 2018.

ARGIROFFI, Alessandro; AVITABILE, Luisa. Responsabilitá, Rischio, Diritto e Postmoderno. 1. ed. Turim: G. Giappichelli, 2008.

BENSAMOUN, Alexandra; LOISEAU, Gregoire. La Gestion des risques de l’intelligence artificielle – De l’ethique à la responsabilité, La Semaine Juridiqu, n. 46, 2017.

BECK, Ulrich. Risikogesellschaft – Auf dem Weg in eine andere Moderne. 1. ed. Frankfurt: Suhrkamp, 1986.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (Quarta Turma). Recurso Especial n. 1.354.332 /SP. Relator: Min. Luis Felipe Salomão, 12 de agosto de 2016. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?processo=1354332&&b=ACOR&thes aurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 18 mar. 2019.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (Terceira Turma). Recurso Especial n. 577.902/DF. Relatora para acordão: Min. Nanci Andrighi, 13 de junho de 2006. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?processo=577902 &b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 18 mar. 2019.

BRASIL. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/L eis/2002/l10406.htm. Acesso em: 11 mar. 2019.

BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L80 78.htm. Acesso em: 14 fev. 2019.

CABRILLAC, Rémy. Droit des Obligations. 12. ed. Paris: Dalloz, 2016.

ČERKA, Paulius; GRIGIENĖ, Jurgita; SIRBIKYTĖ, Gintarė. Liability for damages caused by Arti cial Intelligence. Computer Law & Security Review, Elsevier, v. 31, n. 3, p. 376 - 389, jun. 2015. Disponível em: www.compseconline.com/publications/prodclaw.h tm. Acesso em: 07 fev. 2019.

CHONÉ-GRIMALDI, Anne-Sophie; GLASER, Philippe. Responsabilité civile du fait du robot doué d’intelligence artificielle: faut-il créer une personnalité robotique?, in Contrats – Concurrence – Consommation, n. 1, janeiro. 2018

COULON, Cedric. Du Robot em droit de la responsabilité civile: à propôs des dommages causes par les choses inteligentes, Responsabilité civile et assurances, Paris, 2016.

COUTO E SILVA, Clóvis. O Seguro no Brasil e a situação das seguradoras. In: FRADERA, Vera. O Direito Privado brasileiro na visão de Clóvis do Couto e Silva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1. ed., 1997.

FACCHINI NETO, Eugenio. Da responsabilidade civil no novo código. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v. 76, 2010.

FERRARI, Isabela; BECKER, Daniel; WOLKART, Erik Navarro. Arbitrium ex machina: panorama, riscos e a necessidade de regulação das decisões informadas por algoritmos. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 995, n. 18341, p. 635 – 655, Set. 2018. Artigo consultado na Base de Dados RT online mediante assinatura. Em pdf, p. 1- 21.

FREITAS Jr., Robert. The legal rights of Robots, Student Lawyer, 1985, p. 54. Disponível em: http://www.rfreitas.com/Astro/LegalRightsOfRobots.htm. Acesso em: 17 mar. 2019

GALASSO, Alberto; LUO, Hong. Punishing Robots: issues in the economics of tort liability and innovation in artificial intelligence. In: AGRAWAL, A. K.; GANS, J.; GOLDFARB, A. The Economics of Artificial Intelligence: An Agenda. Nova Iorque: National Bureau of Economic Research, Inc, 2018. Disponível em: https://www.nber.org. Acesso em: 11 fev. 2019

HERBERGER, Maximilian. Künstliche Intelligenz und Recht – ein Orientierungsversuch, in Neue Juristische Wochenschrift, 2018, vol. 39, p. 2825 e segs.

JI, Megan. Are Robots good fiduciaries? Regulating robo-advisers under the Investment Advisers Act of 1940, Columbia Law Review, vol. 117, 2017, pg. 1543 e segs.

KROL, Joshua/HUEY, Joanna/BAROCAS, Solon/FELTEN, Edward W./REIDENBERG, Joel/ROBINSON, David G./YU, Halan. Accountable Algorithms, University of Pensilvania Law Review, vol. 165, 2017, p. 633 e segs

LEHMAN-WILZIG, Sam N. Frankenstein Unbound: toward a legal definition of artificial intelligence. FUTURES: The Journal of Forecasting and Planning, United Kingdom, v. 13, n. 6, p. 442 – 457, dez. 1981. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/scienc e/arti cle/pii/0016328781901002. Acesso em: 13 fev. 2019.

LOISEAU, Gregoire. Le Droit des Personnes, Paris: Elipses, 2016.

LOISEAU, Gregoire; BOURGEOIS, MATTHIEU. DU Robot em droit à um droit des robots, La Semaine Juridique, Paris, n. 48, 2014.

LOOSCHELDERS, Dirk. Schuldrecht – Allgemeiner Teil. 15. ed., Munique: Franz Wahlen, 2017.

McCARTHY, John. What is artificial intelligence? Computer Science Department, Stanford University, Stanford. p. 1 – 14, nov. 2004. Disponível em: http://www-formal.sta nford.edu/jmc/. Acesso em: 11 fev. 2019

MERCADAL, Juan José Martínez. Vehículos autónomos y derecho de daños. Laestructura clásica de la responsabilidad civil frente al avance de la inteligencia artificial. Revista de la Facultad de Ciencias Económicas - UNNE, Montevideo, n. 20, p. 55 – 73, out/2018. Disponível em: http://revistas.Unne.edu.ar/index.php/rfce/issue/view/416/showToc. Acesso em: 05 fev. 2019.

OLIVEIRA, Antonio. Inteligência artificial. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2019.

PIRES, Thatiane Cristina Fontão; SILVA, Rafael Peteffi da. A responsabilidade civil pelos atos autônomos da inteligência artificial: notas iniciais sobre a resolução do Parlamento Europeu. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 7, n. 3, p. 239 -255, dez. 2017. Acesso em: 04 jan. 2019.

POOLE, David L.; MACKWORTH, Alan K. Artificial intelligence: foundations of computational agents. Nova Iorque: Cambridge University Press. 2010

PRATO, Enrico del. Precauzione e obbligazione. Rivista del Diritto Commerciale e del Diritto Generale delle Obbligazioni, 2012.

REICHERTZ, Jo. Algorithmen als autonome Akteure, blog.soziologie.de

SCHERER, Matthew U. Regulating Artificial Intelligence Systems: Risks, Challenges, Competencies, and Strategies. Harvard Journal of Law & Technology, v. 29, n. 2, primavera. 2016, p. 354 – 398. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2609777. Acesso em: 13 fev. 2019.

SILVA, Nuno Sousa e. Direito e Robótica: uma primeira aproximação. Revista Ordem dos Advogados, Lisboa, ano 77, p. 485 – 552, jan. - jun. 2017. Disponível em: https://portal.oa.pt/. Acesso em: 11 fev. 2019

SURDEN, Harry; WILLIAMS, Mary-Anne. Technological opacity, predictability, and self-driving cars. Cardozo Law Review, Nova Iorque, v. 38, p. 121 – 181, 2016. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2747491. Acesso em: 11 fev. 2019

UNIÃO EUROPEIA. Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de fevereiro de 2017, com recomendações à Comissãode Direito Civil sobre Robótica (2015/2103(INL)). 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2019

VINEY, Geneviève. De la responsabilité personnelle à la répartition des risques, Archives de Philosophie de Droit, tomo 22, 1977.

YUN, Qi. Um estudo sobre a actio de effusis vel deiectis no direito romano: com base na análise dos fragmentos D.9, 3 e I. 4,5, Revista de Direito Civil Contemporâneo, São Paulo, v. 14, 2018.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2019 Lucas Girardello Faccio, Fabio Siebeneichler de Andrade