DROGAS, CRIME ORGANIZADO, MÃES E FILHOS, E A CONVERSÃO DE PRISÃO PREVENTIVA EM DOMICILIAR

Darwin de Souza Pontes

Resumo


DRUGS, ORGANIZED CRIME, MOTHERS AND CHILDREN, AND THE CONVERSION OF PREVENTIVE PRISON IN HOME PRISON

ÁREA(S) DO DIREITO: direito processual penal; direitos humanos.

RESUMO: A questão da conversão em prisão domiciliar às mulheres encarceradas com filhos de até 12 anos de forma automática revela sérios desdobramentos à criança e à sociedade que merecem uma melhor ponderação, ante a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus coletivo, de determinar a soltura de mulheres grávidas e com crianças, sem um juízo concreto sobre a real situação circundante a cada processo. Apurou-se que a ordem normativa possui elementos jurídicos intensos quanto ao papel da genitora, que o Código de Processo Penal traz instrumentos que permitem a verificação da situação da genitora em relação do filho e que somente após essa verificação deve ser ponderado o juízo de valor sobre se deve ou não ser convertida a prisão preventiva em domiciliar – em especial, nos crimes de tráfico de drogas, entorpecentes e afins, e no crime organizado. Sugere-se, ao fim, a modificação da redação do art. 318.

ABSTRACT: The question of converting into custodial custody to women incarcerated with children up to 12 years of age automatically reveals serious consequences for the child and society that deserve better consideration, in view of the recent Supreme Court ruling in collective habeas corpus, to determine the release of pregnant women and children, without a concrete judgment on the actual situation surrounding each case. It was found that the normative order has strong juridical elements regarding the role of the giver. And that the Criminal Procedure Code provides instruments that allow the verification of the situation of the mother in relation to the child. And that only after this should the value judgment be assessed on whether or not to be converted to pre-trial detention at home, especially in the crimes of drug trafficking and narcotics, related and organized crime. It is suggested, at the end, to change the wording of article 318.

PALAVRAS-CHAVE: prisão; drogas; genitora; criança; juiz.

KEYWORDS: prison; drugs; mother; child; judge.

SUMÁRIO: Introdução; 1 A proteção integral e a prioridade absoluta; 2 Genitoras e gestantes envolvidas com o tráfico de drogas e com o crime organizado; 3 A antinomia na própria lei e a ausência de parâmetros concretos ao julgador e a indução legal à conversão automática da prisão preventiva em domiciliar; 4 Verificação concreta da cautelaridade da prisão pelos instrumentos do Código de Processo Penal; Conclusões; Referências.

SUMMARY: Introduction; 1 Integral protection and absolute priority; 2 Genitors and pregnant women involved in drug trafficking and organized crime; 3 The contradiction in its own law and the absence of specific parameters to the judger and the legal induction to the automatic conversion of preventive prison in domiciliary; 4 Concrete verification of the caution of prison by the instruments of the Criminal Procedure Code; Conclusions; References.


Texto completo:

PDF

Referências


AMIN, Andrea Rodrigues et al. Curso de direito da criança e do adolescente – Aspectos teóricos e práticos. São Paulo: Saraiva, 2013.

ATHAYDE, Celso; BILL, MV. Falcão: mulheres e o tráfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. Trad. Daniela Baccaccia Versani. Barueri/SP: Manole, 2007.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05.10.1988. Institui a Constituição Brasileira. Disponível em . Acesso em 02 abr. 2018.

______. Decreto-lei nº 3.689 de 3.10.1941. Institui o Código de Processo Penal. Disponível em . Acesso em 04 abr. 2018.

______. Lei 8.069 de 13.07.1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em . Acesso em 03 abr. 2018.

______. Lei 10.406 de 10.01.2002. Institui o Código Civil. Disponível em . Acesso em 04 abr. 2018.

______. Decreto nº 99.710 de 21.11.1990. Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em . Acesso em 02 abr. 2018.

______. Supremo Tribunal Federal. HC nº 143.641/SP. Relator Ministro Ricardo Lewandowski. 2ª Turma. DJE 21.02.2018. Disponível em . Acesso em 04 abr. 2018.

CARVALHO FILHO, Milton Paulo de. Livro IV – Do Direito de Família. In: PELUSO, Cézar (org.). Código Civil comentado – Doutrina e jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Manole, 2015.

ESTADÃO. O poder geográfico. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2018.

FUELLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. São Paulo: RT, 2018. Edição digital.

GONÇALVES, Betânia Diniz; COELHO, Carolina Marra Simões; VILAS BOAS; Cristina Campolina. Mulheres na prisão: um estudo qualitativo. 1. ed. Curitiba: Appris, 2017.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Trad. João Baptista Machado. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

LAMENZA, Francismar. Lei 8.069 de 13.07.1990. In: LAMENZA, Franscismar; MACHADO, Costa (org.). Estatuto da Criança e do Adolescente interpretado – Artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. São Paulo: Manole, 2012.

MACHADO, Marta Toledo. A proteção constitucional de crianças e adolescentes e os direitos humanos. São Paulo: Manole, 2003.

MINAS GERAIS. TJMG. Apelação Cível nº 1.0079.11.010320­1/001. 4ª Câmara Cível. Relatora Ana Paula Caixeta. DJE 23.07.2014.

MONDIN, Elza Maria Canheti. Práticas educativas parentais e seus efeitos na criação dos filhos. Disponível em: . Acesso em: 5 abr. 2018.

ODRZYWOLEK, Carolina Vieira. Não que o esteja culpando, mas ele era o traficante: a inserção da mulher no tráfico de drogas. Disponível em: . Acesso em: 28 mar. 2018.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução nº 1.386 de 1959. Institui a Declaração dos Direitos da Criança. Adotada pela Assembléia das Nações Unidas de 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil; através do art. 84, inciso XXI, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 1º da Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, e 1º do Decreto nº 50.517, de 2 de maio de 1961. Disponível em . Acesso em 06 abr. 2018.

PACCELI, Eugênio; FISCHER, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal e a sua jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

RDNEWS. MT tem duas organizações criminosas, Comando Vermelho é a mais atuante. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2018.

SANDEL, Michael J. Justiça – O que é fazer a coisa certa. Trad. Heloísa Matias e Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

SCHOUERI, Luís Eduardo. Tributação e liberdade. In: PIRES, Adilson Rodrigues; TORRES, Heleno Taveira (org.). Princípios de direito financeiro e tributário: estudos em homenagem ao Professor Ricardo Lobo Torres. Rio de Janeiro, São Paulo, Recife: Renovar, 2006.

SOCIEDADE Brasileira de Pediatria. Manual do aleitamento materno. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2018.

SOUZA, Kátia Ovídia José de. A pouca visibilidade da mulher brasileira no tráfico de drogas. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2018.

ZALUAR, Alba. Exclusão e políticas públicas: dilemas teóricos e alternativas políticas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 12, n. 35, fev. 1997. Disponível em: . Acesso em: 4 abr. 2018.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2018 Darwin de Souza Pontes